domingo, 13 de outubro de 2013

o sangue-seiva quente queima sangues brancos

(23 de junho de 2012)


um tiro branco na flexa
um sangue quente xamanico
escorre do canto na terra
morre o canto no pantano
o canto que saudava
agora geme
um arbusto chora
e treme o galho seco
e a mata
em uníssono
transimitindo a percepção da dor
tal como o antigo canto enraizava
alardindo aos seus semelhantes
tal como o antigo canto enfumaçava
a lamentação é a tua seiva generalizada
faz ser de boa visão à tua mãe o cortejo de tua história assassinada
e o fúnebre velório é a sombra densa provocada pelas árvores enxarcadas
e geme
um tiro branco disparado pela história que estudou os pontos cardeais
um tiro santo fundado na glória de um deus de tão longe que atravessou o oceano em caravelas reais
o olho fechado é de morte, não mais de compreensão
mas a fumaça ainda se espalha
a argyreia ainda se porta como porta da muralha da sabedoria e da história
o san pedro tem seus espinhos para os vinhos que vinham dos mares confrontar seus caminhos
a sabedoria chora
mas se renova
o xamã sangrou naquele dia
e gemia a natureza naquele dia
mas permanecia a natureza a contemplar teus entusiastas
e a vos enraizar em suas matas
retorna o bixo homem à terra em forma de lágrimas
enxugadas pelas raízes das plantas
sugadas pelas terras úmidas próximas dos rios turvos
sem sentidos, cego, surdo e mudo, morto da matéria
retorna o bixo homem à realização da terra como adubo

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