domingo, 13 de outubro de 2013

À Lua Minguante

(13 de maio de 2013)

Lua Minguante,
que seduz que eu me deite
em teu leito brilhante;
tua luz,
clarão espumante de leite
encostado em espasmos
brancos flutuantes,
ralos, tímidos, esfumaçados,
perdida na vastidão negra azulada
de teu reino enfeitiçado,
conclama aos embriagados
atenções e soluços chocados...

atiçado meu sentido
de sentir-te e sentar em ti,
debruçar e me espreguiçar em ti,
aí, em ti, justo em ti,
que tão longe abismo mortal
nos afinca a separação;
Daí, quero maravilhas que daqui
sonho todos os dias em que me volto a ti
para contemplação.

Daí, que nos observa
com maestria e percepções lunares,
fantásticas, nos ares
da lunática obstinação;
Acompanhada de
tuas companheiras solitárias
espalhadas pelo infinito espacial,
[as estrelas entrelaçadas
por teu perfume noturno e astral]
onde os passos largos dos Deuses
se realizam, se compõe,
compondo reverias divinas
como poesias plásticas aos nossos
olhos latentes;
Acompanhada destas tuas estrelas,
satélites, cosmos, meteoros,
liturgias, astros, feiticeiras,
da retinente existência
que lhe faz reluzir,
da expoente frieza
que lhe sustenta
o contraste do negro faisão-céu
com o teu alvi-existir,
me aparece perfeitamente
redonda em teu surgir, nascer
se fazer de Lua ao entardecer,
aparecer aos olhos de chorar,
ostentando tua ternura
serenamente para, a ti,
me curvar;

Oh, Tua curva, Lua Minguante!
Tua curva!

Daí de tua curva tuas pontas
vislumbram o norte e o leste,
ousadas pontas,
que virtuosas enfrentam
os ditames mitológicos dos fins
dos céus; pontiagudas e viris
são estas extremidades desta curva
incandescente, fina-grossa-fina,
que nos choca a perfeição;

Daí, Lua Minguante,
pego-me delirante febril
ao teu lado,
tenho te abraçado, beijado,
tenho estado perfeitamente
em minhas humildes batutas mentais
alucinado por tuas tais curvas
turvas e chocantes em tempos iguais...

Mortais, Lua, Oh meros mortais!

Dos quais sou um torpe indigente,
que ousa lhe cravar os dentes,
enfincar as unhas em teu redentor
clarão;

Estás, Lua, é claro que estás,

em postais diversos, aos milhares
de milhares espalhados na solitária humanidade,
que, sem tua bondade e grandeza,
certamente se mataria pela fraqueza
de se pegar em solidão;

Desejo-te toda tua alma,
tua carne-energia pura
absorvida do Sol, teu grande parto;
Desejo estar em ti, em toda tua trama,
lhe escrevendo, descrevendo,
por teus interiores brancos em chamas,
palidamente intensos, em teus cantos
à noite a adocicar os prantos na minha cama;

Oh, Lua Minguante,
nua, princesa da beleza natural
e do desejo boreal,
Desejo estar em tu como minha cama-mãe,
minha satélite-rainha que me estigma
a existência de vibrar;
querias, em ti, estar escrevendo sobre nós,
deitado, a sós, em teus braços, teus lençóis,
como rouxinóis em ninhos noturnos a cantar!

Oh Lua Minguante,
me afortunas, me cativas,
juro te amar!

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