domingo, 13 de outubro de 2013

a selva cinza de cimento surta (e mata)

(21 de maio de 2012)

a selva cinza de cimento surta
a selva cinza de cimento surta
e essa sina de selvageria pira
selvagens macacos robotizados nos cipós de alta tensão
aguardando parados e estacionados, alucinados e
altamente preocupados nos faróis de solidão
na construção daquela vida que se faz em preto e cinza em cimento e em labor
morrem e labutam repentinos os macacos iludidos construindo o terror
certifique-se e edifique se uma árvore ainda repousa o verde na paisagem
sele, aprove ou reprove mas não pense que resolve, o destino é a modelagem
das estruturas determinadas e cristalizadas no inóculo da ferida viva desse abestado
adestrado e castrado pelo estado de impureza do cinza que a natureza fez colorir
é de rir, o verde lindo e vivo verde ironicamente acizentado e acimentado, é de rir
ou de chorar? ou de ousar?
Ou de ousar? P de pensar?
Ou p de pirar?

e essa sina de selvageria pira
e essa sina de selvageria pira
e essa selva cinza de cimento surta
essa maldita selva cinza de cimento surta
esbanjando lástima e sonhos podres
sonhos apodrecidos
mortos desaparecidos
e aparecidas investidas em sonhos empreendidos ditos como virtudes de vida
e desfilam os sonhos triunfantes na sapucaí alarmante da tristeza e da incerteza
e trajam máscaras de solidão e de apreensão na procissão que marcha subindo a afonso pena
impuras almas que desfilam no cortejo fúnebre se anunciam com fantasias negras
e a certeza de que a afonso pena é um gigante campo de exterminio cresce e deixa forte a fraqueza

a alma fraca clama aceitação
o peito podre respiração
o gás carbonico investimento na rotina do sofrido pulmão que eternamente serão sócios
e o ócio clama esteriótipo de vagabundo por não cheirar o gás imundo que nasceu desses negócios

e o surto desse pulmão é a razão desse clamor que grita, chora e apavora o teu fôlego pirado
e essa sina de selvageria pira mesmo
e essa selva de cimento cinza surta mesmo
e o futuro incerto e inseguro se apresenta ao esmo
dói a dor que finca a cuca e que perfura o peito

dói, enfim, o amarelo da bondade,
assassinado por asfixia nos porões a céu aberto
do hiper-centro dessa cidade

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