domingo, 13 de outubro de 2013

cálida calda

(08 de maio de 2013)

Em teu tremor,
nestas horas,
teu odor rompe as trevas das trompas,
sai de dentro de teu centro
meticuloso, se jorra em sondas,
se espalha terrível e apocalíptico
ao suor de tuas transas...

De teu escuro útero,
em ulteriores poemas
tua história se desliza
pelas paredes que se desmancham;
tua história se rebatiza,
reescreve, retrata
tua batuta e batalha
por tuas selvas que lhe mancham!

Deslizam rente ao abrigo,
rumo ao perigo
de se expor àquilo que é frio;
Das pregas as trelas saem,
gritam, caem e esgoelam,
hemácias aflitas
por fora dos lábios melam;

nestes ovários os gatos adormecem,
as luas aparecem
em cenários impensados;
surgem como do nada,
se aproximam aos teus,
copulam alguns amores
e, na semelhança de deus,
adormecem em raios solares...
raios tão incríveis por tão fracos,
tênues e gentis... sublimes,
teus perfumes espumantes,
teus brilhos naturais
na profundeza de tua escuridão
são plumas aos raios astrais;
em tuas nuvens de solidão,
vos instiga, enfraquece,
apaga, reacende, reaquece,
de acordo com teus humores,
com tuas luas em prontidão,
com tua prece e oração.
Em teu pessoal, íntimo
majestoso e grandioso porão,
onde a estrela sol é meretriz
criança imatura, aprendiz;
tu se vale, a tua grandeza,
teus raios invocam teu ser-te,
ser você, ser si mesma.

De ti trazes tua toda Mulher!
Tua ser quem és,
teu sentir dos pés
o calor surgir,
Subir!..
Emancipar e persuadir
quaisquer fiéis,
em quaisquer lugares,
em quaisquer motéis,
igrejas, parques,
ou até bordéis;

me cativas com teu parto,
tens meu tato para lhe tocar,
como um contato emprestado
nestas horas de amar;
me encanta tuas veredas,
tuas tirânicas e vermelhas
caldas cálidas e chiadas,
que, de tuas veias, vêm jorrar!

Lereis quaisquer contos,
romances tontos de um tanto
de errantes que tentam
te escrever;
tal como eu, que ouso
te perceber,
em meus alcances te tocar,
sem ao menos poder lhe ter...

Lereis tua cor,
tua Odisseia que brota
em borbotões escarlates,
Sereis o Vermute,
o Conhaque num embarque
pra outras estações;
Sereia, roda de samba e
capoeira,
tu és de Mulher,
do corpo melindroso,
sutil, grossa, que,
em despojo, se punja
em mel à saída estreita
do corpo-tesão;
adocicado escândalo,
bárbaro e perseguido
por Pérsias, Pigmeus
Atenienses, Romanos,
Prussianos, Franceses,
desde sempre, tu vens,
aos prantos, nos cantos
e espantos em vão.

Vieste de teu
tao longe interior,
a tratar de deixar-te
tão tépida como uma flor;
trazendo tua trama
em derradeira tensão,
trepando-te com tua transa,
tens, a ti,
menstruação.

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