(08 de maio de 2013)
Em teu tremor,
nestas horas,
teu odor rompe as trevas das trompas,
sai de dentro de teu centro
meticuloso, se jorra em sondas,
se espalha terrível e apocalíptico
ao suor de tuas transas...
De teu escuro útero,
em ulteriores poemas
tua história se desliza
pelas paredes que se desmancham;
tua história se rebatiza,
reescreve, retrata
tua batuta e batalha
por tuas selvas que lhe mancham!
Deslizam rente ao abrigo,
rumo ao perigo
de se expor àquilo que é frio;
Das pregas as trelas saem,
gritam, caem e esgoelam,
hemácias aflitas
por fora dos lábios melam;
nestes ovários os gatos adormecem,
as luas aparecem
em cenários impensados;
surgem como do nada,
se aproximam aos teus,
copulam alguns amores
e, na semelhança de deus,
adormecem em raios solares...
raios tão incríveis por tão fracos,
tênues e gentis... sublimes,
teus perfumes espumantes,
teus brilhos naturais
na profundeza de tua escuridão
são plumas aos raios astrais;
em tuas nuvens de solidão,
vos instiga, enfraquece,
apaga, reacende, reaquece,
de acordo com teus humores,
com tuas luas em prontidão,
com tua prece e oração.
Em teu pessoal, íntimo
majestoso e grandioso porão,
onde a estrela sol é meretriz
criança imatura, aprendiz;
tu se vale, a tua grandeza,
teus raios invocam teu ser-te,
ser você, ser si mesma.
De ti trazes tua toda Mulher!
Tua ser quem és,
teu sentir dos pés
o calor surgir,
Subir!..
Emancipar e persuadir
quaisquer fiéis,
em quaisquer lugares,
em quaisquer motéis,
igrejas, parques,
ou até bordéis;
me cativas com teu parto,
tens meu tato para lhe tocar,
como um contato emprestado
nestas horas de amar;
me encanta tuas veredas,
tuas tirânicas e vermelhas
caldas cálidas e chiadas,
que, de tuas veias, vêm jorrar!
Lereis quaisquer contos,
romances tontos de um tanto
de errantes que tentam
te escrever;
tal como eu, que ouso
te perceber,
em meus alcances te tocar,
sem ao menos poder lhe ter...
Lereis tua cor,
tua Odisseia que brota
em borbotões escarlates,
Sereis o Vermute,
o Conhaque num embarque
pra outras estações;
Sereia, roda de samba e
capoeira,
tu és de Mulher,
do corpo melindroso,
sutil, grossa, que,
em despojo, se punja
em mel à saída estreita
do corpo-tesão;
adocicado escândalo,
bárbaro e perseguido
por Pérsias, Pigmeus
Atenienses, Romanos,
Prussianos, Franceses,
desde sempre, tu vens,
aos prantos, nos cantos
e espantos em vão.
Vieste de teu
tao longe interior,
a tratar de deixar-te
tão tépida como uma flor;
trazendo tua trama
em derradeira tensão,
trepando-te com tua transa,
tens, a ti,
menstruação.
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