domingo, 13 de outubro de 2013

o bip dos 7 minutos, o sábio dos gritos mudos

(04 de junho de 2012)

7 minutos para o início
aguardando...
recolocando:
7 minutos para os ultimos preparativos
ti ti ti
por que esse não é o som permanente?
é tão conciso com as preocupações
é tão inerente ao diálogo eterno
é conflituoso como recordações
recordar é a magia do sábio Sebastião
dizem até que ele um dia gritou à sua família
"a vida é a busca pela alegria, minha filha
procure ser vitoriosa um dia"
recordar é uma magia que Sebastião não resguarda
por outro lado, compartilha e explica
que antigamente a gente fazia poesia
em papéis guardados que a polícia não via
ou não podia ver
é, Sebastião recorda que não havia TV
que não existia cores em fotos
que os fatos eram da fé e os olhos
que ela tinha vigiavam você..
Sábio Sebastião profetiza os novos tempos
tão mudados que mal podem trazer ventos
frios ou quentes, mas que arrepiassem as dorsais dos desatentos
que brincam como imbecis, bilhar, baralhos, fomes e tentos..
brilhando teus olhos ganâncias atentas
mas fatalmente esfriadas por fazerem tormentas
as utopias brilhantes que embaralhavam remendas
imbecis e viciados na antiga era
sem tempo e sem dinheiro para ouvir o sábio profeta...
que trás auroras e atenções às impurezas
cauterizando mas não curando suas fraquezas
o sábio profeta e visionario Sebastião diz que o que trás é novo
de novo mais um tolo que afirma nova sina pra curar o desconsolo?
novamente mais uma gente acreditando veemente em um bêbado da rua oito?
"não desanima
pois nessa vila
o necrotério
o bar e o mistério que um sábio precisa ter como dor de vida
são proximidades à rua dita"
Sebastião mal sabe que o que sabe é saber de coisas
Sebastião mal vale uma vida ao destino traçado das coisas
O sábio de memórias só recorda e mais nada é magia
pra frente da gente o sábio se embriaga e sente medo da luz do dia
todos os dias sábios se matam por preferirem a vida à melancolia
todas as noites sábios se embrigam por confundirem selvagem com selvageria
mais três minutos, querida...
só mais esses minutos para descobrir o que lhe faz menina
o que faz minuto uns segundos
e o homem os muros
só mais um muro a construir, retenha-se
só mais um sábio a cair, entenda se cair ao desmaiar
ou cair a se matar
entenda
nasce um sábio a cada bip do som original
bebe um bêbado a cada sábio profetizando teu sinal
bebe um sábio confundindo ser sábio por sinal
um sábio bêbado bebe e brada teu juízo final
esses segundos que nos restam
nos prestam homenagens...
homens selvagens domesticados às florestas de matos desenhados
como é tão perfeito o desenho imperfeito de um sábio, que grita e continua calado?
chegou ao fim, querida
a luz do fim não veio, enfim
esperávamos por isso mesmo, não era?
ou acreditávamos em Sebastião
depressivo beberrão,
condenado à querela e fissurado por ela?
pegue tua solitária cápsula
se mate também, pois me entrego ao bel prazer da incerteza que conforta meu adormecer
morrer pra não angustiar outro amanhecer

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