domingo, 13 de outubro de 2013

os gatos negros

I

entre as gretas da alvenaria
a luz do sol vai deixando
os cômodos do barracão;
em nome da noite furta-se o dia,
lâmpadas trêmulas vão pintando
o chão de terra da ocupação.

luz amarela que ilumina,
que nos trás canções noturnas
quando a lua se apresenta,
treme, pisca, mantém-se viva,
faz de faces, casas, ruas,
sucursais de sua presença;

nas ruas, casas, tantas delas;
na praça as lâmpadas colorem
e ascendem a Mangueira.
tantas crianças sobem nela,
trepam, brincam, quebram, correm
reinventando brincadeiras;

ali parado despercebido
sob o céu que não acaba
camuflado em vasto escuro,
vejo meninas e meninos
fazendo dessa simples praça
vosso iluminado mundo;

e caminho sem destino
rumo a qualquer lugar que for
pelas ruas mais distantes;
escurece-se o caminho,
me emociono com o esplendor
das estrelas cintilantes;

Nos céus, as estrelas,
por aqui, na ocupação,
nossas lâmpadas resistentes;
E assim, noites inteiras
tingidas de iluminação
abençoam nossa gente.

Finda o poente, anoitece
Essas casas se iluminam
e aquecem corações;
Corações que se aquecem
de luzes que sempre pintam
adormecidos barracões.

O derradeiro ocaso
dos instantes de inspirar
no espreitar da madrugada,
surge junto ao cansaço,
no deitar, se descançar,
no apagar a luz cansada.

II

Lâmpadas da Ocupação,
Oh lampadas de luta,
Que iluminam nosso chão
E nossa alma nua!

de luz que é só sua,
amarela que só ela,
De luta, de labuta,
pinta o chão de nossa terra!

Humildes casas se aquecem
que aquecem corações,
tais quais que adormecem
em 'luminados barracões!

Tais quais iluminados
por lutar por moradia,
revolucionários
são, de fato, todo dia!

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