domingo, 13 de outubro de 2013

Meu grande amigo

(13 de abril de 2013)

espreitado, fechado,
teus olhos vidrados
tentam tanto o longe
num perto canto do bar;

remoído, insistido
em teu ódio engasgado
vibra o pranto fechado
num certo espanto de amar;

espantado com a paixão,
com o seu lidar com seus amores
e em seus contratempos interiores
segue agarrado a pesos mortais

e calado em alucinação,
se faz estar vívido em pormenores
que pelos apelos próprios fazem-se maiores
se apresenta ao povo já como estás;

explodido em todos, em tudo,
o tanto quanto se resmungava sozinho
em seu interno se internou em ninhos
de arames e ferros de seus soluços

rasga ódio de tuas amadas,
a raiva do pródigo de alma e horrores,
é lâmina crua de tuas espadas
que cortam as pétalas de tuas flores!

se faz como lês, como os distúrbios
estais a sós com eles, teus atores e escritores
jantarás nos nós das escritas dos prelúdios
narrados e ditos em contos de horrores

ah, os horrores que tanto te cativam!
tanto te maltratam, quanto te instigam!
fazem-te maltratar a ti mesmo,
fazem-te limitar-te em teu medo!

teu medo, receio, desejo, ciúme
colateral, visceral de costume,
é o desejo torpe de maltratar, controlar,
berrar, gritar, quebrar e então se entregar;


não busques o rancor definhando
o olhar perdido e maltratado;
o rosto sombrio, o perfil espalmado
o espectro vazio, enfurnado em tal estado;


não faças mais assim contigo,
com teus amigos, com teus amores,
não arda mais em teus louvores,
em teus odes ao teu castigo;

não te metas em sombrios caminhos
interiores, buscado por teu procurar;
não esqueças que teus próprios espinhos
são tão finos, para te fincar;

espetar, furar, te esvaziar
de teu brilho que reluz em teus cachos
teus traços, tão admirados
e tão fáceis de amar;

sei do que te angustia
do que incansavelmente procura,
o que escuta e reproduziria
em tuas tramas em tua alma escura;

não te reduzas a abomináveis
atitudes terríveis por ter que explodir;
não te induzas a impensáveis
explosões que insistes em perseguir!

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