terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Soneto da interrupção

Embora eu escreva, embora eu tente,
Embora eu sinta que você sente
(Não como eu, é evidente,
E nem o tanto o suficiente),

O mais sensato e consequente
É que eu a esqueça daqui pra frente;
De outro gostas avidamente,
Não há, portanto, o que una a gente.

Dessa forma, é o mais prudente
Fazer deste soneto (tão diferente...)
Minha despedida, já finalmente;

E assim, tão de repente,
Apesar dos pesares e infelizmente,
De ti me afasto... contrariamente.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O que me faz perdido por essa menina

O que me faz perdido por essa menina,
Embora ainda menina mas mulher mais ainda,
Que ser menina-mulher já me fascina?

Seriam, talvez, seus cabelos de cachoeira,
Que busco em seus cachos encontrar uma foz,
Um fim que enfim estivéssemos à sós?

O que me faz perdido por essa menina,

Seria tua voz, doce e inspirante voz,
Que canta com amor e doçura fulminante,
Que encanta e que lhe faz tão impressionante?

O que me faz perdido por essa menina,

Os detalhes de sua boca ou seu beijo ritmado,
Que beijado, bem beijado, é capaz de num instante
Transmitir-se subitâneo para um sonho delirante?

Ou seriam os teus olhos de samba acalentado,
Que não olham, mas cantam, que não vêm, mas dizem,
e que se vêm à mim me enlevo apaixonado?

O que me faz perdido por essa menina,

Que perco a linha e me descosturo fio a fio
E de pouco em pouco me desfaço enternecido
Pelo encanto de cada canto de tua alma;

Que por um toque já desfoca-me a visão,
Unho-me as mãos, sufoca a respiração,
Reviro-me por dentro e me embriago de tua calma?

O que me faz perdido por essa menina?

Ao encantamento teu coração pertence,
Mulher em flor, pois eis o que é;

O que me faz perdido por essa mulher?