domingo, 13 de outubro de 2013

e se a abelha não suportar?

(22 de maio de 2012)

e a abelha tem medo do mel esbanjado; tem medo dele lhe lambusar a ponto de sufocar-te; ela compreende que, ainda, não está apta ao incrível e misterioso doce que porvirá desses rios e mares e mel, que já se anunciam no horizonte; ela diz estar com medo de chorar quando for momento de gozar; mas ela diz, ainda, estar determinada em, a princípio, ir de brutal encontro à maré engasgadora e violenta que se aproxima; essa força que tem potencial suficiente para vencê-la, fazê-la asfixiada, diz a própria abelha que tem, na sua mais perfeita natureza, um doce tão saboroso; e por isso, mesmo não confiante, a abelha porta-se determinada em lutar por gozar desse doce quando, enfim, vitoriosa por teu triunfante e potente amadurecimento, puder libertar teu pequeno-corpo, tuas asas, tuas antenas e tua alma à livre disposição e destino dessa vertiginosa correnteza de mel, para viver maravilhas adoçando teu encanto, cantando o amor da densa corrente melada, libertando e sendo libertada, amando e sendo amada...

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