domingo, 13 de outubro de 2013

do escritório I

(06 de setembro de 2013)

o homem há muito vivo
num instante reduzido
se espanta com teu tempo;

qual é a dessa correria,
que atravessas tua vida
tantos anos feito vento?

se indagas perturbado,
qual serias teu legado
deixado por teu viver?

se deparas com o lastro
desguarnecido, desabitado:
vivestes pra não morrer;

e atormentado, angustiado,
se espantas com o fato
de se perder no se buscar,

perdeu o tempo e a memória
já não sabes tua história
quando ousa recordar;

e só recordas de tua hora
voando às pressas e agora
se estremece com o atraso:

teu escritório lhe sufoca
criva o peito, o homem chora
pois esvai-se teu legado.

não há tempo, há um prazo
e teus tempos, prazos razos
fazem da vida um triste vácuo;

já não resta mais escolha,
tua opção é que recolha
o teu susto, teu espasmo;

desfigurado num cataclismo
de prantos roucos e vazios
o homem se desespera;

descobre e tocas em tua ferida
quando percebes tua própria vida
a perdida ávida quimera!

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