sexta-feira, 13 de setembro de 2013

tudo foi feito pelo sol

(15 de março de 2010)

torturado e castigado pelo incrivel e potente sol, que continuamente suga as vossas energias vitais, vossas riquezas, tal como a água, e destrói as vossas harmonias, o clima emburra-se e, vingativo por virtude, semeia o ódio e a devastação. nota-se seu abatimento e seu poder minucioso de vingança em sua expressão estética, um tanto quanto pesada e tensa, fazendo recordar os animais selvagens que, ao sentirem-se ameaçados, buscam um abrigo confiante para o sentimento de segurança que lhes é necessário, recolhem a eles mesmos todos os sentimentos e não vos deixam manfestar; aliás, transparece um sentimento, de um animal receoso, brutal e extremamente vulnerável ao ponto de soltar suas alucinações momentaneas através da explosão de sua fúria norteada pelas suas garras e seus dentes; depois de sua tensão, vem o extase das (re)ações espontâneas e desorientadas, sem meio, justificativa ou ordenação, mas com uma finalidade, a sobrevivência. O clima, então, tal como um animal selvagem, entrega suas capacidades e orientações ao momento e, cada vez mais, a hora de sua explosão se aproxima; eis que, então, ao não aguentar mais o peso lhe imposto, seus conflitos individuais, o dilúvio, libertação de seus mais íntimos segredos e esperanças, se estabelece.

O poderio de devastação da depressão do clima é avassalador e medonho; animais, meros animais, assustam-se com o ataque repentino de um que carregava uma maldita pertubação psicológica; transbordam ódio, vingança, depressão, rancor e tédio sobre os animais que agora lutam incansavelmente contra o dilúvio; animais os quais tentam de qualquer maneira se defenderem dos ataques mortais que lhe sucumbem; violentamente, como uma nova reação, desbravam fervososamente a fúria da tempestade, desafiando as resistências individuais que lhes foram concebidas pela natureza - oh, natureza, tu que criastes e mantém toda esta realidade, o clima, o dilúvio, os animais e as reações; onipotente e onisciente; oh, natureza, qual a finalidade dessas terríveis batalhas? - de fato, os animais nervosos e desorientados não pensam tampouco questionam naquilo que definitivamente causou a batalha - o por qual motivo o fariam? qual a necessidade, naquele instante, de "perderem" o precioso tempo que lhes é necessário para salvarem vossas vidas? o início, naquele momento, não era necessário compreender, era necessário viverem absurdamente o agora, o presente, para salvarguardarem o futuro -.

Passadas horas de agonia, o clima finalmente cessa seu choro, aliviado, cede uma calmaria que cheira um úmido azulado, claro e fresco para os animais exaustos e fracos; para os bravos animais que lutaram e desafiaram a natureza, para os verdadeiramente vitoriosos e triunfantes. Em instantes - não tão curtos nem tão longos - o que está por vir a atormentá-los novamente é o terrível calor de um que, possivelmente poderia ter causado todo este transtorno - ou mesmo apenas ocupa um lugar neste ciclo de autodestruição -, o terrível calor do sol. Enquanto o sol, incrivel e potente sol, não se vigora de fato e não lhes provoca o agonizante clima abafado, seco e quente, lhes restam, pois, aos animais, a tranquilidade, o descanço, e o orgulho. 

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