sexta-feira, 13 de setembro de 2013

o tempo e as jogadoras fumantes e as novas jogadoras

(02 de fevereiro de 2012)

O tempo é, o que concluiu depois dos alguns anos de novas experiências e naqueles anos de amadurecimento, o dealer do jogo da vida, aquele que embaralha as fatalidades vividas e as distribui. Só o tempo, com sua infinita grandeza e maestria poderia, de fato, dar as muito mais que 52 cartas à mesa. E não é uma mesa fácil de lidar não, acredite. Nela jogam a sensatez, uma brava jogadora, forte e complicada de se relacionar; a intimidade, uma jogadora que a cada nova rodada faz questão de implicar com os assuntos mais bestas e banais das demais jogadoras; joga também a monotonia, que sempre está a ascender o cigarro da novidade e da espontaneidade, coitada, já velhinha e destruída pelo câncer de pulmão; ah, a intriga também joga, talvez a mais cínica das jogadoras e com certeza a mais enjoada de todas...
Incrível é poder, depois destes anos, acreditar que um dia naquela mesa, fazia-se presente a amizade, nova, ávida, enxuta e com muito vigor, muita vida, exuberante, tal como as próprias espontaneidade e novidade, que alucinavam os fatos e as realidades daquela época, coloriam com cores fortes e intensas tudo que via, via mais intensamente tudo que coloria, e faziam, de uma maestria ímpar, as irmãs relações, também jogadoras, acentuarem os afetos e as festividades mentais.

Mas o que se vê nessa mesa é que, durante esses anos, algumas jogadoras envelheceram, outras perderam todas suas apostas - tendo por isso que sair do jogo -, outras ainda se relacionaram tão intimamente que, de alguma maneira, criaram filhas, (filhas novas mas com espírito buxunxado, chato de galocha, velho, entende?). É inevitável o crescimento de responsabilidade - e por isso importância - do tempo naquela mesa, o único que penou realmente para a manutenção do jogo, que não parou, não para e nunca vai parar de caminhar, de trabalhar as cosias e fazer existir o jogo. Chega num determinado momento que ele se vê obrigado a intervir de alguma maneira na mesa, dando tapas e causando nervosismos nas jogadoras por meio das cartas - pode entender como "verdades"- novas distribuídas...

Mas na mesa, duas jogadoras que o tempo trouxe consigo dessa empreitada que é viver o vive-se, são jogadoras novas e por isso estão, num tempo tão curto, se destacando por demasia, fazendo ocultar as demais jogadoras, velhas e rabugentas, chatas e fumantes, e trazendo o protagonismo da mesa à elas mesmas, justamente pelo vosso brilho que reluz na mesa inteira... Apesar duma tal de ansiedade, chata, implicante e também velha jogadora, essas novas jogadoras, que o tempo ainda não apresentou muito bem à mesa, excitam o jogo como nunca antes fora excitado.

São essas novas jogadoras as que provam, mais uma vez, a plenitude do tempo em renovar, fazer amadurecer, envelhecer e novamente renovar as jogadoras e as protagonistas de determinadas épocas...

Nenhum comentário:

Postar um comentário