(08 de dezembro de 2011)
De onde viria o brilho de um piano se não da virtuosidade dos dedos versáteis e apaixonados guiados pela imaginação e genialidade de um compositor?
Do que valeriam as flores se estas não tivessem espinhos para enaltecerem um contraste com a delicadeza de suas pétalas, contraste este talvez um dos fatos mais explicativos da natureza? O ódio e o amor, a vida e a morte, a esperança e a desilusão, a existência e o nada, pilares fundamentais para o homem, para seu desenvolvimento e seu viver de fato!
Do que valeria a própria natureza se não existisse algo para compreendê-la e inclusive vive-la? Seria a natureza digníssima como é se não existisse essa própria compreensão de que ela é digníssima?
E a pintura, sem a paixão exacerbante e intensa daquele que manifestou seus anseios numa tela com apenas tintas e pincéis, o que seria?
E a música... Oh, a música... A mais exuberante obra artística, a mais efusiva maneira de transmitir e perceber os sentimentos mais humanos; teria ela a mesma magia se fosse apenas uma melodia a-sentimental?
Enfatizemos os sentimentos! A paixão, do que valeria se não fosse realmente apaixonante, vertiginosa, esperançosa e sem critérios? Do que valeria se fosse limitada ao destino, a uma linha delimitadora fundada em preceitos e costumes? O que seria a paixão sem o calor da tentativa, da vulnerabilidade ao erro em busca do impossível ou mesmo do que se julga incorreto? A paixão sem liberdade é o a sem o z, é o alpha sem o beta, é o verso sem o poeta; a limitação dos sentimentos humanos é a destruição do humano, da sua possível missão durante tua breve e inexplicada vida, que é vive-la, amá-la e sobretudo amar!
O que seria esse meu suspiro se não fosse relatado? Seria a paixão aprisionada! Seria algo que clama por se manifestar, que anseia por urgir e, entretanto, sofrer-se-ia nos porões dos sentimentos, torturado seria pela limitação humana!
E o teu beijo? O que seria se não tivesse esse peso todo carregado? Se não exprimisse toda essa alucinação vertiginosa? Se não fosse de fato o teu beijo?
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