sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Carry that weight a long time

(16 de fevereiro de 2012)

Qual seria o trauma daquele tigre que tem seu orgulho felino - ou sua própria alma - destroçado? ou, melhor, quais seriam os motivos para esse ou esses traumas? uma hiena que se aproxima num dia ensolarado, quentíssimo, nos interiores das matas africanas, uma hiena que neste sol escaldante tremula seus olhos pelo ardor do calor de nossa estrela, que o seduz e não o apresenta o mínimo de ameaça, noutras noites se transforma num volumoso bicho estranho, atormentador, medonho, que é capaz de, com sua ironia e posição nas coisas da vida, fazer os caninos do bichano se destroçarem pela força de seu maxilar, força que é resultado das dores das cáries dos caninos do orgulho e da mente do animal... 

Sabe-se que o canino é um dos pontos de maior concentração de força num animal carnívoro e sobretudo selvagem. É o canino que devora aquilo que lhe não é de bom agrado; é o canino que se dispõe como a proteção e o poderio ofensivo do bicho; pode-se dizer então que é o canino a morada de sua estabilidade vital e, mesmo que não seja por tempos integrais, nalguns vários momentos é imprescindível sua existência. O que seria, então, dum tigre com seu canino destroçado? E mais, o canino de suas objeções, da áurea de seus pensamentos, seu canino emocional; o que seria dum tigre com esses caninos assolados por uma cárie destrutiva?

São perguntas que o tigre, caso pudesse se dispor de análises como nós humanos podemos, deveria fazer-te imprescindivelmente. Surge mais uma pergunta: qual foi o descuido do tigre para esses ataques impetuosos da cárie em seu sustentáculo emocional? A fragilidade de seu coração poderia de alguma forma influenciar essa doença crônica em seus caninos? Por que, tigre, não começa-te a te responder? Uma cárie, tigre, surge com o tempo, se desenvolve com o tempo e, por isso, quando ataca, permanece-se nessa condição, ela ataca com o desenrolar dum tempo. E é justamente aí que vem tua dor mais irascível, a dor que você sente num desenrolar muito grande do tempo e que, às vezes, sufocando-te, parece não ter fim, não ter cura, parece a ti que firmou-se não uma cárie, mas um câncer em seu fígado, que lhe agoniza e lhe faz retrair mais e mais para ti mesmo, o que te faz ter medo duma inofensiva hiena numa noite nebulosa naquelas savanas da áfrica...

Voltando à hiena, tigre, talvez não foram outras hienas pela tua vida que lhe meteram boca-da-tua-mente a dentro a cárie nos caninos-de-tua-mente? Tigre, responda e conheça-te; podes definhar, é inevitável, mas conheça-te para conhecer o que lhe fere, o que lhe fez ferir e que, apesar dos devaneios e desacertos da vida felina, reconhecer que você é um tigre. E, tigre, por ser um tigre já sabemos que teu orgulho é capaz de fazer brilhar todo o oceano pacífico, dar luz à noite e fogo à lua; imagino, tigre, como deve estar você agora, com essa coisa que chama orgulho, que tens e que estás sumariamente abalado.

Teu orgulho vens sendo abalado, tigre, reparei, e sei que é por isso que não te assume a cárie. Mas sou seu amigo fiel, assumo-a por ti e me disponho a tratá-la... Tigre, não chores, você está exposto às seus semelhantes, mas chore quando sozinho; chore, desanuvie, as lágrimas do seu choro poderão ser a cura de tua enfermidade, poderão fazê-la mole quando em contato corrente e assim fragilizando aquilo que tanto lhe fragiliza. Mas não espere somente de suas lágrimas; se for necessário, também, quebre seus caninos de fato com aquela força que lhe atentei no começo de minha fala, meu grande amigo.

Extrapole a dor dos seus caninos-de-tua-mente nos seus caninos de cálcio de tua boca, ruja tuas dores, encare-as de frente, mesmo que contraia-te a ti mesmo... Das respostas, Tigre, não as exponho por orgulho, você sabe... você sabe do orgulho e das respostas... Tigre, saibas de uma coisa: essa hiena não lhe atormenta como seus olhos apresentam a ti; assim como existem os caninos-de-tua-mente, existe o devorar-de-outro-modo: devore-a-de-outro-modo.

Escute, Tigre, escute essa música... digo-lhe que ela me faz chorar... E chore também, chore, pois depois de toda tormenta nos céus carregados, cinzentos e escuros, existe o sol, o azul e o infinito, meu amigo tigre...





Boy, you're gonna carry that weight
Carry that weight a long time
Boy, you're gonna carry that weight
Carry that weight a long time

I never give you my pillow
I only send you my invitations
And in the middle of the celebrations
I break down

Boy, you're gonna carry that weight
Carry that weight a long time
Boy, you're gonna carry that weight
Carry that weight a long time

Garoto, você ira carregar esse peso
Carregar esse peso por um longo tempo.
Garoto, você ira carregar esse peso
Carregar esse peso por um longo tempo.

Eu nunca te dei meu travesseiro
Eu apenas lhe enviei meu convite
E no meio das celebrações
Eu desabei.

Garoto, você ira carregar esse peso
Carregar esse peso por um longo tempo.
Garoto, você ira carregar esse peso
Carregar esse peso por um longo tempo.

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