sexta-feira, 13 de setembro de 2013

gatti - à minha mãe, vó, prima e primo

(13 de março de 2012)

uma por vezes imatura, entretanto determinada, corajosa. Da distancia fez seu pilar para a vida, sua fundamental, apesar de dolorosa, arma para sua vitória. Da distancia multiplicou-se o tempo, do resultado, cresceu a ferida necessária para o êxito. Seria crueldade do destino se não fosse de fato necessário para o amadurecimento e, sobretudo o autoconhecimento. Quem por muito não tivera autonomia suficiente em passagens aleatórias e não tão penosas da vida, a própria vida coibira para a compreensão de si mesma que poderia ser forte, persistente e focada. E de fato foi, e de fato é, forte, persistente, e focada.

O tempo é angustiante, principalmente quando se passa por uma crise de ansiedade; os dois dígitos que contam os anos são suficientes para, outrora sanar a angustia pela comodidade desenvolvida, outrora para refletir os um-quarto ou um-terço perdidos e marcados pela distancia. Evidentemente, de tudo tiramos experiências com os erros e alegrias com os acertos; o fato é, não devemos amargurar os erros se podemos tornar suas consequências como alicerces para próximos acertos. 

A dor não cura, a dor não alivia, a dor não corrige; então por que senti-la? Por que, ao menos, legitimá-la como algo que exista ou deva existir? A dor não é uma causa, é uma consequência. Quando queremos derrubar uma árvore, não atacamos seus galhos, sim suas raízes. Não ataquemos ou legitimemos a dor; que compreendamos suas raízes, pois a dor é uma reação antagônica a algo que tem como causa; e, se a dor é antagônica, o que é a causa necessariamente é o oposto da dor. Foquemos nisso! Em virtude dessa analise que ela não me causa espanto; a simples consciência de que existo e que vivo, que existem esses mais de 10 anos, que minha mãe existe e vive, faz-se necessária para a difusão da alegria.

Por aqui existem algumas outras “Fanoras”; talvez eu tenha compreendido o conjunto social o qual antes ela fazia parte diretamente como sua presença, seu abraço, e por isso eu tenha conseguido afastar tão facilmente eventuais tormentas maiores, angustias terríveis. Foi-se o corpo, entregue nas mãos do mundo para ser castigado e, somente por essa alternativa, por esta chantagem, poder dar-me toda assistência e regalia as quais gozei aqui. Foi-se a carne e a autoconsciência; ficou a alma, o carinho, manifestado em alguns muitos que amo e que ficaram aqui.

O meu tio: seu irmão. Não existe adjetivo melhor para designá-lo. Quando penso no passado da minha mãe, o que mais me remete é a imagem do meu tio como companheiro de saltos e quedas, de idas e vindas; talvez pelo espirito forte e protetor que por algumas vezes vi quando era criança, em acontecimentos que por aqui nem devem ser enfatizados, de tão fúteis e pífios que são tendo em vista nossa história e nossos triunfos familiares, com o amor e a solidariedade como virtudes; talvez pelo momento que vivo, a juventude, a qual penso demasiadamente como teria sido a deles, fantasiando cada momento vivido e comparando com os meus que vivo; talvez mesmo por serem apenas irmãos, por só isso já basta.

De qualquer modo, sinto uma confiança e uma fortaleza tão incrível em meu tio, sinto-o como um irmão mais velho. É até impressionante as relações familiares e as emocionais que tenho com pessoas que estão intimamente ligadas a nós: sua irmã como minha mãe biológica e amiga; sua filha como minha irmã, chata por algumas vezes, todavia poucas vezes sem razão; seu filho como uma perfeita manifestação da natureza, que tanto amo e amo mais ainda por ser tão reciproco; e sua mãe, guerreira, como minha mãe presente, como o sustentáculo para qualquer triunfo que obtive até hoje, a poderosa e tão sutilmente carinhosa mulher que fez a vida, as nossas vidas.

É impossível pensar em minha vó sem perder algum norte de concentração num momento desse, que faço de letras os meus mais sinceros sentimentos de minha família. Até a estrutura física é abalada, escorrem sempre algumas lágrimas no rosto, transbordando um sentimento tão denso... Também não é para mais, todo amor que eu possa suportar, toda confiança que eu possa atribuir, toda angustia que eu possa sentir por algum mal que lhe fiz. Todas sensações que variam das mais magnificas às mais deprimidas, quando dizem respeito a ela, são realmente enaltecidas.

Adjetivá-la é custoso, descrevê-la é impossível. Vivê-la é o necessário. Sentir o carinho que ela transmite, mesmo com toda sua rigidez, é incrível. Sua rigidez e sua convicção fazem dela a pessoa que é; se não fosse essa postura, quem seria alguém que suportasse tamanha pressão que ela suportou, que ela venceu e triunfou. São três gerações criadas na garra, são netos, filhos e inclusive o marido como provas para demonstrar sua força.

Não posso mais prosseguir com palavras a descrevendo. Sinto-me obrigado em finalizar esse suspiro textual e dar prosseguimento ao suspiro além das palavras e letras. Eu amo vocês demais.

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