terça-feira, 3 de maio de 2016

feito tentar pegar sabão debaixo d'água

Eu escrevia,
Fato;
Mas que absurdo,
Tuas coisas eu lia
E não entendia;
E sobre mim escrevia,
E eu não sentia;
Não sei,
Não me entendo,
Não compreendo
Como pude ser desatento
Ao momento de alguém que,
Em suas olorosas poesias,
Da forma mais linda
E apaixonante possível,
Incrivelmente poética
E impressionantemente sensível,
Me buscava, se entregava,
Me alçava e se despia,
Que hoje, ao relê-la,
Questiono-me com agonia
Porque não me joguei aos teus pés
suplicando tuas mãos;
Como não desejei
Tuas estrofes pulsantes
Na forma de insaciáveis olhos
Buscando-me pelo zoom de teus desejos;
Os teus versos
curtos e grossos
Na forma de dentes,
Os teus quereres e tuas vontades
Na forma de arrepio da pele sensível,
E tuas insinuações,
Tuas indiretas, ensejos,
Não mais em verbos,
Mas em hálito,
Não mais por estrofes,
Mas em ato,
Em tato,
Contato,
Pelas vias
Mais materiais
Pulsantes
E carnais
Possíveis!

Como pude?
Como pode?

E a vertigem daquele espelho consumiu-me por inteiro...

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